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O (DIFÍCIL) MOMENTO DAS ESCOLAS PARTICULARES NA PANDEMIA DO COVID-19

Nas minhas palestras brinco que a palavra desconto parece ter nascido associada à palavra escola. A prática tornou-se tão diferenciada neste setor que muitas vezes se supereleva o valor da mensalidade, pois é senso comum que nenhum aluno irá pagá-la. Sobre esse valor incidem os descontos, com as mais diversas denominações (irmãos, fidelidade, financeiro, pontualidade, etc). Ao final o valor pago pelo aluno é uma fração, algumas vezes inferior a 50% da mensalidade originalmente estipulada. Particularmente sou contrário à prática do desconto indiscriminado. Na maioria dos casos é comum a perda, tanto por parte do dono da escola, como por parte do cliente, da real percepção de valor do serviço. Acredito na importância da fixação do preço real, ou seja, a verdadeira valoração do serviço e na forma que isso é comunicado aos pais. É preciso uma mudança de paradigma, com a real percepção do posicionamento do serviço no mercado. Sabendo comunicar-se a respeito do valor agregado desse se

RENTABILIDADE E LUCRATIVIDADE - CONCEITOS BÁSICOS

Um dos principais objetivos da empresa é gerar lucro, entretanto, o lucro precisa ser comparado com o volume de investimentos realizados para obtê-lo. Mesmo em instituições denominadas sem fins lucrativos, como associações, filantrópicas ou não, existe a necessidade de resultados positivos para que continuem exercendo sua atividade fim, ainda que nesses casos o lucro deva ser revertido em sua totalidade em benefício da associação. Por exemplo, uma empresa sem fins lucrativos e que presta assistência a determinada parcela da população, pode aumentar o número de pessoas atendidas se obtiver resultados melhores, ou seja, seu resultado deve também apresentar lucro como qualquer outra empresa, que possa ser reinvestido em suas atividades fins. Portanto, independentemente do tipo de empresa constituída, ela deve buscar sempre a geração de lucro. É bastante comum, ao se analisar o lucro de uma empresa a confusão entre esses dois conceitos: lucratividade e rentabilidade. Muitos empresários

PALESTRA GESTÃO FINANCEIRA - EDUCO 2017

Mário Capp Tenho recebido algumas solicitações para comentar aspectos da palestra que proferi na EDUCO BRASIL 2017, a respeito da gestão financeira nas Instituições de Ensino. Peço desculpas, mas só agora consegui escrever. Meu ramo de atuação é administrativo-financeiro, voltado para pequenas e médias empresas, que buscam a profissionalização de sua área administrativa. Observando os históricos de fundação dessas empresas temos, em sua grande maioria, as empresas familiares, nas quais houve uma evolução no segmento pedagógico, mas que não foi acompanhado por um desenvolvimento no segmento administrativo, com consequências catastróficas quando de seu crescimento. Um dos grandes problemas é o grau de informalidade nas relações institucionais. É muito comum a confusão de funções, as relações truncadas e o curto-circuito na hierarquia causado pela figura do(s) proprietário(s) da escola, que transita(m) na estrutura interferindo em praticamente todos os processos. Esse é

DUAS FACES DA EDUCAÇÃO

Pesquisando na internet, deparei-me com o texto abaixo que se relaciona muito com o objetivo de meu blog. É um texto do professor José Moran, da Escola de Comunicações e Artes (ECA – USP), que tomo a liberdade de transcrever abaixo. O link original é:  http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/educacao_inovadora/direito.pdf . O texto faz referência a ambas as faces da educação, a educação formativa e a educação sob a ótica administrativa financeira. Da mesma maneira que o prof. Moran, também acredito que deva existir um equilíbrio entre ambas para que possamos melhorar a o processo educacional brasileiro. Segue o texto do professor Moran:       A educação atual: entre o direito e o negócio “Há muitas contradições e tensões na educação. As principais se devem a que em alguns momentos focamos a educação mais como direito – educação para todos – enquanto que, em outros, o foco é a educação como negócio – como bem econômico, serviço, que se compra e vende, se organiza como

A PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO ADMINISTRATIVA NOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO

Mário Capp Na última década temos assistido a entrada de grandes redes de ensino adquirindo escolas e consolidando o mercado no Ensino Superior. Na Educação Básica essa tendência também é observada de forma acentuada nos Sistemas de Ensino e em menor escala, mas em crescimento, na aquisição de escolas, que são incorporadas a grupos educacionais maiores, atraídos pelo aumento da participação no PIB do setor educacional. O mercado brasileiro de educação, no que tange ao Ensino Básico, tem características próprias. A maioria das escolas foi fundada na década de 70, em virtude da necessidade das classes média e alta de terem um ensino de qualidade, associado evidentemente a outros aspectos conjunturais do país. Dessa forma muitas escolas surgiram e prosperaram, tornaram-se instituições de porte médio. Se analisarmos a fundo o processo de concepção dessas, veremos que a quase totalidade foi fundada por grupos de educadores, em sociedade, ou por educadores individuais. Muitas del

O NÍVEL DE APROFUNDAMENTO NO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO

Mário Capp Fui professor de Biologia no Ensino Médio em grandes escolas particulares de São Paulo. Evidentemente que, com a vivência dentro da área educacional,  muitas concepções que dizem  respeito a o que ensinar modificaram-se. Lembro-me de que nos primeiros anos ensinava todo o processo de Respiração Celular (Glicólise , Ciclo de Krebs e Cadeia Respiratória), com as fórmulas estruturais planas, nomes dos intermediários e os balanceamentos energéticos parciais até se chegar nos 38 ATPs. Preenchia toda a lousa, na época com giz colorido, e via os alunos copiando passo a passo cada etapa do processo. Explicava todo o funcionamento e o martírio dos alunos só  terminava na aula seguinte com uma avaliação na qual eles transcreviam a lousa  para uma folha de papel, que era recolhida e corrigida. Analisando hoje, sinceramente envergonho-me  pelo que fiz os alunos. Que eu me lembre, apenas duas estudantes agradeceram,  tempos depois, pela aula. Eram duas alunas que haviam in

O PIOR ENSINO MÉDIO DO MUNDO?

Artigo de Cláudio de Moura Castro na Veja ,em 6 de maio de 2015 Do ponto de vista de suas regras e formato legal, não consegui encontrar um só pais com ensino médio pior que o nosso. O modelo brasileiro gera péssimos números. Enquanto o Chile universaliza esse nível, no Brasil, menos da metade da coorte consegue completá-lo. Dos que iniciam o curso, só 40% o terminam. Para culminar, em vez de caminhar para a universalização, nosso médio encolhe! Vejamos por quê. 1 – O mais odioso equívoco é impor o mesmo currículo a todos. Os futuros Machados de Assis têm a mesma carga de matemática oferecida aos que serão engenheiros da Embraer. E esses últimos, para entrar em uma boa faculdade, precisam brilhar em literatura. Nenhum país do mundo civilizado deixa de reconhecer as diferenças individuais e oferecer cursos, currículos e escolhas de acordo com as preferências e talentos de cada um. 2 – O excesso de disciplinas é assustador. São catorze as obrigatórias. Na prática, os alunos